Doenças imunossupressoras causa queda no desempenho das aves

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O funcionamento do sistema imunológico é um dos principais fatores para que a exploração avícola seja rentável. Uma diminuição da resposta imune pode provocar um aumento das perdas econômicas

Com a busca de uma rentabilidade maior, o manejo e o ambiente na avicultura industrial têm sido focados para potencializar o crescimento, diminuir a conversão alimentar ou aumentar o número de ovos produzidos por ave alojada. No entanto, as condições utilizadas para garantir o máximo rendimento (programas vacinais exaustivos, alimentação, necessidades de alojamento, programas de luminosidade, etc.) podem às vezes não ser as mais adequadas.

Tem-se observado que dentre as doenças de importância para a avicultura de produção, as doenças imunossupressoras merecem destaque, uma vez que estão associadas à queda no desempenho das aves, falhas de resposta vacinal a outras doenças, predisposição a agentes secundários, aumento dos custos de produção e geração de produto com baixo valor econômico.

Na instalação de uma ave na granja, ela começa a interagir com os agentes existentes no meio ambiente. O resultado final pode ter uma alteração na resposta imune ou não. No caso da alteração da resposta imune ou imunossupressão, a mesma se define como “um estado de disfunção temporal ou permanente da resposta imune, devido a uma lesão no sistema imune que produzirá um aumento na susceptibilidade a sofrer de doenças”.

Os agentes imunossupressores são numerosos dentre eles se encontram os vírus, bactérias, toxinas, produtos químicos, deficiências nutricionais, fatores estressantes (ambiente, manejo, etc.). Alguns destes agentes podem agir diretamente sobre o sistema imune e outros o farão de forma indireta. O resultado final será o mesmo: uma alteração da resposta imune. Alguns vírus com ação direta sobre o sistema imune são: Gumboro, Marek, Reovírus, Anemia Infecciosa, leucose, enquanto que alguns de ação indireta são: Bronquite, newcastle, Adenovírus, Laringotraqueite, Pneumovirus etc.

O reconhecimento das aves afetadas por problemas imunossupressoras pode ser um problema. É fácil quando os problemas são devidos a doenças clínicas como Gumboro ou anemia infecciosa, e difícil quando as perdas econômicas são produzidas por uma imunossupressão subclinica, crônica ou transitória, que na maioria das vezes está relacionada com uma combinação de fatores ambientais como manejo, alimentação, genéticos ou por infecções por novos agentes patogênicos. Nestes casos é possível observar algum dos seguintes fatos: aumento na incidência de complicações respiratórias, geralmente devidas a E. Coli com condenações por aerosaculite e septicemia; reações pós-vacinais severas; baixa resposta aos antibióticos; os títulos de anticorpos não condizem com os programas vacinais; aumento da incidência de outras doenças; lesões macro e microscópicas na bursa de Fabrícius e o timo; as aves vacinadas não resistem aos desafios homólogos.

Apesar de constatar em um lote a existência de algum destes fatos, há outros fatores que podem mascarar o diagnóstico de imunossupressão. Dentre estes podemos encontrar: a existência de vírus variantes de Bronquite infecciosa, que provocam uma má eficiência do programa vacinal; uso de vacinas de newcastle e/ou de Bronquite pouco atenuadas que podem aumentar as reações pós-vacinais e a infecção posterior por E. Coli; falhas na administração das vacinas (via não apropriada, diluição excessiva para diminuir as reações etc.) que vão produzir um pior título de anticorpos e um efeito booster ruim, a existência de aves pálidas pode  ser devido a falhas na assimilação de nutrientes (síndrome de má absorção, reovirose, etc.) e não necessariamente a uma infecção pelo vírus da anemia infecciosa.

Perante uma suspeita de imunossupressão, devem ser estudados todos os fatores envolvidos na mesma, levando em conta também que o efeito imunossupressor vai ser mais forte quanto maior seja o número de fatores relacionados entre si.

O vírus da anemia infecciosa (CAV) tem sido amplamente disseminado no plantel avícola brasileiro, abaixo serão apresentados alguns fatos de relevância de alguns vírus imunossupressores, mas fazendo ênfase ao papel do vírus da anemia infecciosa na imunossupressão dos frangos.

A anemia infecciosa das galinhas é uma doença de aves jovens, caracterizada por marcada anemia, hipotrofia da medula óssea, aumento da mortalidade, redução do ganho de peso, atrofia generalizada de órgãos linfoides. Esta doença está frequentemente associada a infecções secundárias provocadas por vírus, bactérias ou fungos.

O vírus pertence à família circoviridae, gênero Gyrovirus. É um vírus não envelopado, de DNA simples e circular. Pelo fato de não possuir envelope, o mesmo é resistente à acetona, éter, clorofórmio e ao pH 3. A transmissão do vírus é por via vertical e horizontal. Na última forma, é importante a resistência do CAV (Chicken anemia vírus) no meio ambiente, especialmente na presença de matéria orgânica. A entrada do vírus pode ser por ingestão ou inalação. A transmissão por via vertical em surtos de campo acontece durante umas 3 a 6 semanas, embora alguns autores elevem este período até as 12 semanas. Durante este período, as aves não apresentarão sintomatologia clínica, nem alterações da postura, ou fertilidade. A progênie produzida durante a eliminação vertical nascera com anemia e sofrerá doença clínica entre os dias 10 – 14.

A distribuição do vírus é mundial e muitas aves apresentam anticorpos no momento de iniciar a postura, a incidência da doença clinica é menor hoje em dia.

O efeito final de uma infecção por CAV é uma doença clínica com mortalidade elevada e/ou uma imunossupressão por existir menor número de linfócitos disponíveis para agir.

Outro efeito do CAV é sobre os macrófagos. Este vírus provoca uma menor capacidade de fagocitose e pior atividade antibacteriana. Existem inúmeros trabalhos demonstrando o efeito imunossupressor do CAV no campo. Entre eles pode-se citar: respostas vacinais ruins, mortalidade inicial alta e problemas de Marek em franguinhas, resultados produtivos ruins ao abatedouro etc.

Quando se analisam lotes de aves matrizes ao longo da vida produtiva verifica-se que alguns lotes de aves se infectam de forma homogênea e uniforme o que leva à manutenção de índices médios ao longo da produção com títulos ao redor de 9 ou 10 log2; mas também existem muitos lotes de aves com índices meios e irregulares com valores médios de 7 a 8 Log2, o que nos indica que existe um grupo de aves nestes lotes com índices não protetores e que pelo tanto são aves susceptíveis de transmitir o vírus pela via vertical. Arriscar explicar como um lote irá se infectar é difícil e, além disso, a infecção natural não se produz ao mesmo tempo em todos os lotes, com o que podem existir aves negativas ao CAV em produção mesmo que seja numa porcentagem baixa. Isto é importante já que tem se demonstrado uma diminuição de rendimentos em frangos procedente destas aves por anemia clinica (frangos com o vírus CAV) e pior crescimento pela transmissão horizontal do vírus.

 Por tanto, a única via que assegura títulos uniformes e elevados nas matrizes é a vacinação.

Fonte: Ave World

Adaptação: Portal Suínos e Aves

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Atualizado em: 29 de outubro de 2012