A demanda por maior segurança alimentar e outras modificações de preferências, além daquelas relacionadas ao preço do produto tem aumentado nos últimos anos.
De início o conceito de bem-estar animal foi, estabelecido dentro de parâmetros de natureza muito ampla e de aspectos pouco científicos e, portanto, de difícil aceitação por países produtores. Países escandinavos, seguidos pela França, foram os primeiros a adotar conceitos mais pragmáticos de bem-estar e delinear as normas para criação de animais. Nos Estados Unidos, onde a produção de animais é uma atividade eminentemente econômica, não tendo foco substancial nos problemas éticos, a adoção do conceito de bem-estar está estreitamente vinculada com os requisitos demandados pelo mercado exterior. Isso também vem ocorrendo no Brasil.
A criação de poedeiras é o setor mais criticado dentro da produção de aves. A questão da densidade de aves por gaiola é frequentemente colocada em caráter de agressão e crueldade.
Para a definição do bem-estar animal é sugerido um perfil de cinco liberdades que devem ser atendidas: liberdade psicológica (de não sentir medo, ansiedade ou estresse), liberdade comportamental (de expressar seu comportamento normal), liberdade fisiológica (de não sentir fome ou sede), liberdade sanitária (de não estar exposto a doenças, injúrias ou dor), liberdade ambiental (de viver em ambiente adequado com conforto).
Na área de Medicina Veterinária e Zootecnia a literatura internacional está repleta de referências sobre o tema e sobre definições já aceitas, principalmente com o propósito de esclarecimento informativo. Uma definição bastante utilizada é a de Broom (1991), que descreve o bem-estar como a habilidade do animal de interagir e viver bem em seu ambiente. Assim como esta definição está correta, existem outras semelhantes que também são pouco úteis na questão de dar subsídio a decisões práticas, ou de como se devem utilizar os animais como parte de um processo econômico.
A conceituação de bem-estar envolve as questões físicas e mentais e a maioria das preocupações estão centradas em como o animal “se sente”, quando exposto a um determinado tipo de confinamento ou manejo, ou ainda a determinadas práticas (por exemplo, corte de dentes ou apara de bico). Normalmente encontram-se os conceitos de bem-estar divididos em três aspectos: o legal, o público e o técnico.
- Os conceitos legais são estabelecidos pelo sistema legal/judicial, que define padrões mínimos de normas que possam ser seguidas e aceitas pela sociedade e corretamente interpretadas pelo sistema legal, no caso de disputas;
- O público envolve o conhecimento da sociedade civil, a empatia e o ativismo face às questões relacionadas a animais;
- O técnico é baseado em informações científicas que advém de medidas efetivas de bem-estar, expressas por comportamento específico, aspectos fisiológicos e respostas produtivas.
Outro aspecto importante é exatamente onde se devem observar as condições de bem-estar. Com os novos conceitos de ambiência, onde as questões térmicas se associam aos aspectos de qualidade do ar (poeiras, gases) e ruídos, além das boas práticas de manejo, há que se considerar também a observância de condições ideais de alojamento relacionadas a estes itens.
As condições de sanidade e nutrição também devem estar de acordo com o ótimo indicado. Desta forma, quando se estimam hoje a situação ideal de alojamento, se está sinalizando que todos estes pontos devem ser atendidos, sob pena de se considerar a produção em algum índice específico de crueldade.
Para se adequar corretamente as condições ótimas de bem-estar na produção de aves o produtor terá um grande impacto no custo de produção.
O valor econômico do bem-estar nem sempre é manifestado em forma monetária e impacta em toda a cadeia produtiva. Quando se faz algum benefício ao animal (manejo adequado, nutrição) se computa esta ação como necessária e se entende igual quando se agregam as condições de bem.
Os estudos sobre bem-estar animal sugerem uma multidisciplinaridade importante dentro dos aspectos pesquisados, pois abrangem temas sobre nutrição, saúde, desconforto e dor, fisiologia do estresse, vitalidade, comportamento, liberdades, ambiência, com a hipótese de que inferência positiva nesses assuntos leva a uma melhor condição de bem-estar. Isto leva a sérias falhas na resolução dos problemas relacionados com decisões ligadas a bem-estar, pois não se conhece com precisão o nível ideal e interativo dessas variáveis (ou combinação delas) para não se ter uma situação “ruim” de bem-estar. Fica evidente que o animal que está em boas condições produz mais.
Fonte: Ave World
Autor(a): Irenilza de Alencar Nääs
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