Saiba um pouco mais sobre a situação do mercado de aves de corte no Brasil

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A professora Rosana Cardoso Maia é Zootecnista, Mestranda em Nutrição e Produção de Monogástricos pela Universidade Federal de Viçosa. Ela compõe o grupo de professores que ministra os cursos de avicultura do CPT Cursos Presenciais.

Em entrevista ao Portal Suínos e Aves, Rosana fala sobre a situação do mercado de aves de corte no país e dá dicas importantes aos produtres.

S. A. Qual panorama do mercado de carne de aves no Brasil e no mundo?

Rosana – A indústria avícola brasileira tem merecido grande destaque nas últimas décadas no cenário do agronegócio brasileiro. O grande avanço nas áreas de genética, nutrição, ambiência e sanidade proporcionaram melhorias na qualidade do principal produto da indústria avícola: a carne. Segundo dados recentes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil ocupa posição destaque no cenário internacional. É o primeiro maior exportador de carne de frango (desde o ano de 2004), atingindo em 2011 o recorde de aproximadamente 4,000 milhões de toneladas, seguido pelos Estados Unidos (EUA) e União Européia (UE) com 2,971milhões e 940 mil toneladas respectivamente, sendo que os dois primeiros países contribuem com 78% das exportações mundiais.  Em 2010 o Brasil exportou cerca de 5,752 milhões de toneladas de carne, sendo que a participação da carne de frango foi de 66,40%, carne bovina 21,39%, 9,39% carne suína, 2,74% carne de peru e 0,07% carne de patos, gansos e outras aves (União Brasileira de Avicultura – UBABEF). Os embarques de carne de aves (frango, peru, pato, ganso e outras) totalizaram 3,981 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 7,244 bilhões. No caso da carne de frango, foi registrado um novo recorde histórico nos volumes, com embarques de 3,819 milhões de toneladas. O principal destino das exportações brasileiras se concentra nas mãos do Arábia Saudita, Japão, Holanda, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos. Estes países respondem por 52,5% da receita cambial brasileira, sendo que apenas os dois primeiros respondem por 30,8%. Diante deste contexto surgem preocupações a respeito desta hegemonia que torna o Brasil extremamente dependente destes mercados. No contexto global o Japão, Arábia Saudita e UE se destacam pelos maiores índices de importações em 2011 de 820, 720 e 675 mil toneladas. Apesar da queda nas exportações de carne de peru em 2011, 141,2 mil toneladas, com uma redução de 10,5%, na comparação com o ano anterior, o Brasil se mantém na segunda posição de exportador mundial, perdendo para os EUA (247 mil ton). Já a receita cambial teve aumento de 4,7%, chegando a US$ 444,6 milhões. A importação mundial de carne de peru é liderada pelo México (145 mil ton), UE (115 mil ton) e África do Sul (26 mil ton). O mercado de carne de patos, gansos e outras espécies responderam por embarques de 4.212 toneladas em 2010, o que correspondeu a uma queda de 14% em relação 2009. As principais regiões de destino foram Oriente Médio, África e Ásia. E os três maiores países importadores são Japão, Gâmbia e Emirados Árabes Unidos.

No início do ano passado, a expectativa era que o Brasil ocupasse o segundo lugar no ranking de produção mundial de carne de frango, visto que as produções brasileiras (12,23 milhões de toneladas) e chinesas (12,55 milhões de toneladas) estavam muito próximas no final de 2010. Porém essa diferença permaneceu no ano de 2011. Os EUA lideram o ranking com 16,80 milhões de toneladas, em segundo lugar a China com 13,20 e em terceiro o Brasil com 12,90 milhões de toneladas. A produção de aves no Brasil tem se destacado principalmente na Região Sul, onde predomina o sistema de integração vertical e de cooperativas. Embora não se tenha dados precisos, estima-se que as produções integradas e cooperadas superam atualmente, 90% do total de carne de aves produzidas no Brasil. Os estados do sul do Brasil contribuem com 62,4% da produção brasileira, só o estado do Paraná contribui com 27,5%. Os grupos empresariais que se destacam pelo volume de carne disponibilizados no mercado interno e externo são a BRF Brasil Foods e o Grupo Marfrig com fornecimento total de carne de frango in natura de 1.833 e 927 mil toneladas respectivamente em 2011.

Em relação à produção de carne de perus, O Brasil é o terceiro maior produtor, ficando atrás dos EUA e EU, mesmo com essa posição no cenário mundial, 2011 não foi um ano muito bom, a cadeia de produção de perus  fechou com queda no setor, com produção de 305 mil toneladas contra 337 mil toneladas em 2010.

Entretanto, de maneira geral a avicultura brasileira atualmente atravessa uma das suas melhores fases, pois devido à escassez de carne bovina no mercado e seu elevado preço, o consumo de carne de frango tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Em 2011 o consumo per capita de carne de frango foi de 47 kg/hab/ano, o maior consumo observado nos últimos tempos, com aumento de 6% em relação 2010. No Brasil é a carne mais consumida, seguida pela carne bovina e suína com consumo de 38 e 15,1 kg/hab/ano respectivamente. Porém, ao se tratar do cenário mundial é a segunda carne mais consumida perdendo apenas para carne suína. Os Emirados Árabes Unidos apresentaram, em 2011, o maior consumo per capita de carne de frango, de 59, 4 kg/hab/ano, seguido pelo Kuwait (58,9kg/hab/ano) e pelo Brasil. Em relação ao consumo de carne de peru, o consumo per capita brasileiro está ao redor de 1,77 kg/hab/ano.

Dados recentes da UBABEF indicam que as exportações brasileiras de carne de frango totalizaram 610,5 mil toneladas nos dois primeiros meses de 2012, registrando crescimento de 3,1% em relação as 591,9 mil toneladas registradas no mesmo período do ano passado.

Fonte: Avi Site; Ave World; Usda; Abef; Portal do Agronegocio.

 S. A. – O que tem sido feito no Brasil para desenvolvimento da cadeia produtiva de carne avícola?

Rosana – A grande preocupação dos consumidores em obter alimentos seguros e confiáveis para e si e seus familiares tem refletido no campo de produção fazendo com que o desenvolvimento do setor avícola esteja atrelado às exigências de mercado, que a cada ano se torna mais rigoroso. O próprio sistema de produção avícola tem incentivado o crescimento de produtores no ramo com o conseqüente desenvolvimento do setor. A integração vertical é o sistema de produção predominante no Brasil, e se encontra em estágio avançado de organização. O sistema de integração sem dúvida tem contribuído muito para o desenvolvimento, pois ele detém todo o processo produtivo, desde a produção do ovo fértil até o abate, no qual a comercialização ocorre apenas uma vez.

O sistema de integração garante ao criador rendimento definido, lote após lote, ficando livre das oscilações de mercado. Este rendimento dependerá unicamente da eficiência produtiva do lote. Algumas agroindústrias garantem bonificações aos avicultores que produzem bons lotes, como meio de incentivar a qualidade de produção e avanços do setor.

As políticas agrícolas estabelecidas pelo governo federal também tem auxiliado o desenvolvimento do setor avícola. Ano a ano, o governo Federal tem alocado cada vez mais recursos para o crédito rural. Porém, o pequeno e médio produtor avícola ainda tem dificuldades para ter acesso ao crédito rural oferecido pelo governo, em especial, ao Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem (Moderinfra) e ao Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais (Moderagro).

As três principais linhas de créditos que o setor avícola conta são a  Moderinfra, Moderagro e Mais Alimentos. Nos três, o avicultor consegue bons valores, que serão parcelados com taxas de juros bastante atraentes. (UBABEF)

Os cuidados com a sanidade do lote é um ponto importante a ser ressaltado. A falta de um eficiente programa sanitário pode acarretar grandes riscos na produção e conseqüentemente ser uma barreira para o desenvolvimento da cadeia avícola. Em setembro de 1994, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) consolidou o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) objetivando normatizar as ações de acompanhamento sanitário. O PNSA abrange planos de contingência de influeza aviária, doença de newcastle, salmonelose e micoplasmose. No próprio site do ministério é possível o produtor ter acesso aos manuais de contingência.

Fonte: MAPA; Avicultura Industrial; UBABEF

  S. A. – Quais principais mercados para a carne de frango brasileira?

Rosana – A constante busca por novos mercados para a carne brasileira é foco de muitos debates. Atualmente Japão, Arábia Saudita, Holanda, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos respondem por 52,5% da receita cambial. Além destes países o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, tenta abrir mercados e expandir os atuais destinos para os produtos do país. Por ano, as perdas do complexo brasileiro de carnes com os embargos mundo afora superam US$ 2 bilhões.

Com a demora em concluir esses processos e levar os embarques a níveis mais elevados em mercados de boa demanda, como Rússia e União Européia, o ministro concentra esforços para elevar vendas para China, Japão, Argentina e até Albânia. Em fevereiro, Mendes anunciou, após visita técnica chinesa, que o país mais populoso do mundo deve autorizar, ainda em 2012, embarques de mais 47 plantas de aves.

Fonte: Avicultura Industrial

  S. A. – Qual a influência da redução da idade de abate das aves sobre a qualidade da carne?

Rosana – Nos últimos anos as cadeias produtivas reconhecem os atributos sensoriais como fatores decisivos na aquisição de alimentos. Assim reconhecer a influência dos fatores de produção ligados à qualidade da carne permite adoção de medidas para manter atributos desejáveis ao produto.

Na prática a redução da idade ao abate das aves é realizada como estratégia de obter carnes de qualidade superior. Porém muito tem sido discutido a respeito desta prática para a avicultura industrial de corte. Sabe-se que à medida que o animal atinge a puberdade,  a maciez da carne é alterada por modificações do tecido conjuntivo, com o aumento das ligações entre as fibrilas de colágeno e perda de solubilidade do colágeno ocasionando maior resistência à ação do corte e mastigação, além de diminuir a retenção de água no músculo. Porém os frangos aos 42 dias, ainda não atingiram a puberdade. Portanto, a idade para frangos de corte criados nos sistemas atuais de produção não será um fator decisório na qualidade da carne. A redução da idade de abate das aves geralmente é feita com o objetivo de abastecer certos tipos de mercados que exigem o frango griller que tem em média de 700g a 1kg de peso.

Vários fatores possuem grande influencia na qualidade da carne, dentre eles nutrição, genética, manejo pré-abate e processo de maturação da carne.

S. A. – Como os produtores de frango de corte tem se adaptado quanto às normas de bem-estar animal?

Rosana – O conceito de bem estar animal foi, em seu início, estabelecido dentro de parâmetros de natureza muito ampla e de aspectos pouco científicos e, portanto, de difícil aceitação por países produtores. Dentro da produção de aves, sem dúvida, o setor mais criticado é a criação de poedeiras, onde a questão da densidade de aves por gaiola e debicagem é freqüentemente colocada em caráter de agressão.  Na produção de frangos de corte, o bem-estar animal pode ser considerado uma demanda para que um sistema de produção seja defensável eticamente e aceitável socialmente os consumidores desejam comer carne com atributos diferenciados, isto é, carne oriunda de animais que foram criados, tratados e abatidos em sistemas que promovam o seu bem-estar, e que sejam ambientalmente corretos.

As normas de bem estar já são exigências das grandes Agroindústrias aos integrados, e a adequação de práticas de manejo visando o bem-estar animal é uma necessidade para manter-se no mercado.

Uma discussão bastante pertinente ao tema é a dualidade bem-estar x produtividade. É possível ter produtividade sem deixar de lado as práticas de bem-estar animal. Existe uma faixa de conforto animal. Há uma faixa de bem estar que são próximas das condições naturais onde os animais vivem e que permite alta produtividade.  Essa condição é a desejada e ideal para que tenhamos produtividade e responsabilidade com a qualidade de vida animal.

Na avicultura de corte, uma das grandes preocupações é com a densidade das aves no sistema de criação. A União Brasileira de Avicultura (UBA) elaborou um protocolo de Bem-Estar para frangos de corte e perus, muito pertinentes com as práticas de bem-estar do mundo todo. Recomenda-se que a densidade máxima não ultrapasse 39kg/m². Além das exigências de densidade há também exigências mínimas de distâncias de bebedouros e comedouros, utilização da cama, iluminação artificial, ventilação e aquecimento. Para os produtores os aspectos práticos de manipulação das aves (captura, carregamento e transporte; cuidados de emergência e medidas preventivas de biossegurança) e o abate humanitário em alguns casos são ainda encarados como desafio no sistema de produção.

Fonte: UBABEF

S. A. – Qual papel a universidade tem desempenhado no desenvolvimento da produção?

Rosana – Além da contribuição na formação de profissionais altamente capacitados para atuarem nos setores pecuários brasileiros, a Universidade desenvolve atualmente diversas pesquisas voltadas às áreas de nutrição, melhoramento genético, ambiência e sanidade no intuito de desenvolver novas técnicas de aperfeiçoamento do sistema de produção em geral.  A busca de alimentos alternativos para redução dos custos de produção com a ração tem merecido destaque nos últimos anos. Outro ponto a ser destacado, é a preocupação das Universidades com os potenciais poluidores ambientais excretados nas fezes de suínos e aves, justificando a importância das pesquisas realizadas com a utilização de aditivos nutricionais como enzimas.

A utilização de enzimas e outros aditivos melhoradores do desempenho animal em rações de aves iniciou nos campos experimentais das Universidades há muitos anos atrás, e hoje vemos sua ampla distribuição no mercado de nutrição animal.  Isso nos mostra que grande parte dos conhecimentos que impulsionaram o desenvolvimento da avicultura teve e ainda têm suas bases nas Universidades.

S. A. – Quais problemas mais enfrentados pelos criadores atualmente?

Rosana – Vários problemas ainda são enfrentados pelos criadores como a inadequação de seus produtos frente à alta exigência de mercado no que diz respeito ao bem-estar das aves. O controle sanitário do lote ainda é visto como um ponto a ser melhorado para garantir a qualidade das aves. O correto manejo dos dejetos da granja em muitos casos não é feito ou feito de forma errônea. A falta de crédito concedida aos produtores, pelo governo federal, bem como altas taxas de juros.

Na área de nutrição destaca-se o custo com a produção de rações, cerca de 70% dos custos de produção é constituído com custos com a alimentação. Hoje as rações para aves no Brasil são formuladas com base no milho e farelo de soja. A grande dificuldade é que estes dois alimentos são utilizados em outras atividades agrícolas surge então uma competitividade entre setores e com o mercado externo. Como a caso do milho utilizado para produção de etanol. Em relação à soja, o Brasil é grande produtor e também grande exportador. O governo norte-americano avalia que o Brasil possa se tornar o maior exportador mundial de soja na temporada 2011/2012.

S. A. – Como tem sido a introdução de sub-produtos do biodiesel para alimentação das aves?

Rosana – A preocupação mundial com os efeitos da globalização, que se refletem nas mudanças climáticas e na escassez dos recursos naturais, tem estimulado a busca por outras fontes de energia renováveis, que possam diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa, reduzindo assim, os impactos sobre o aquecimento global. Entre as alternativas para minimizar os danos causados pela globalização destaca-se a produção de biocombustíveis, que pode ser feita a partir de gorduras de origem animal (resíduos de frigoríficos, por exemplo) ou de plantas oleaginosas (produtoras de óleo) como soja, algodão, mamona, dendê, canola, girassol, coco e babaçu. A produção de biodiesel a partir de plantas oleaginosas produzirá uma grande quantidade de co-produtos que podem ser utilizados na alimentação animal, sendo os principais a torta e o farelo. Nos casos da utilização de tortas nas dietas, é importante considerar a quantidade de óleo residual no alimento.

A utilização destes co-produtos do biodiesel na alimentação animal tem ajudado muito na busca de alimentos alternativos que possam reduzir os custos com a ração, visto que 70% dos custos de produção provém da indústria de ração. É importante ressaltar que alguns destes alimentos possuem fatores antinutricionais que podem afetar negativamente o desempenho animal. Várias pesquisas estão sendo realizadas para chegar ao valor adequado de inclusão destes alimentos na dieta sem que estes prejudiquem o desempenho das aves.  Nas Tabelas Brasileiras (Rostagno, 2011), são mostrados alguns limites (prático e máximo) de inclusão de alguns co-produtos do biodiesel para frangos de corte na fase inicial e crescimento, e para poedeiras na fase de postura.

 S. A. – Quais principais enfermidades e tratamentos utilizados?

Rosana – As principais enfermidades que atingem o setor avícola podem ser divididas em viroses e bacterioses.

Dentre as enfermidades viróticas se destacam: Doença de Newcastle, altamente contagiosa e afeta aves em qualquer idade, o vírus pode afetar o sistema digestivo, respiratório ou nervoso. Não há tratamento, portanto deve ser feito o controle contra a virose no lote As melhores maneiras de controle consistem na vacinação, isolamento dos casos e higiene impecável. Vale ressaltar que o vírus da Newcastle pode provocar conjuntivite no ser humano, portanto cuidado ao manusear aves suspeitas, doentes ou vacinas. Bronquite Infecciosa, doença que afeta somente galinhas e apresenta a forma respiratória em aves jovens, apresentando mortalidade elevada e sinais respiratórios semelhantes à Newcastle. Não existe um tratamento específico, a antibioticoterapia pode ser feita com a intenção de previnir ou controlar uma infecção bacteriana secundária. A vacinação consiste também na melhor estratégia para prevenir esta virose. A Bouba aviária, também conhecida por epitelioma contagioso, varíola das aves, difteria, “caroço”, “pipoca”e”bexiga”, afeta todas as aves e em qualquer idade, ocorrendo com maior freqüência no verão devido à proliferação de mosquitos que disseminam o vírus de local para local, picando e sugando as aves. Não há tratamento curativo porém as aves podem ser aliviadas com a remoção das crostas e cauterização com tintura de iodo ou nitrato de prata, as placas diftéricas podem ser lavadas com soluções fracas de permanganato de potássio. A Doença de Marek é uma neoplasia de origem viral que afeta aves jovens, caracterizando-se pela presença de tumores que podem ser encontrados nas vísceras, sistema nervoso central e periférico, na pele e no globo ocular. Não é realizado o tratamento, a vacinação pode ser feita in ovo ou no primeiro dia de nascimento.

Dentre as principais bacterioses se destacam a Colibacilose, muito comum na avicultura, causa grandes prejuízos. Os principais sinais clínicos são onfalite, aerosaculite, pericardite, perihepatite e peritonite. A higiene e desinfecção periódica das instalações é a melhor maneira de prevenir esta doença. A Salmonelose é uma das doenças mais preocupantes pois pode representar problemas para o ser humano, pois as salmonelas infectam tanto mamíferos quanto aves, apesar de haver salmonelas específicas para cada caso, havendo entretanto, salmonelas consideradas não específicas. O uso de antibióticos tem sido uma prática, mas nem sempre tem produzido os resultados desejáveis. Para aves de um dia os dois antibióticos mais comumente usados são: ceftiofur ou gentamicina. Não é comum, mas aves jovens podem apresentar sinais clínicos e mortalidade. Neste caso podem ser tratadas com: sulfas, sulfas e trimetoprim, fosfomicina e quinolonas. Na maioria das vezes os antibióticos reduzem os sinais clínicos e a mortalidade, porém as aves permanecem infectadas e após a suspensão do tratamento podem voltar eliminar salmonela. Há situações em que ocorre eliminação da salmonela por completo. Por outro lado, em algumas situações os antibióticos favorecem a colonização por salmonelas paratíficas, possivelmente por ocasionar desequilíbrio da flora intestinal.  A Coriza Infecciosa é uma doença altamente contagiosa afeta aves em todas as idades, sendo a vacina a forma mais efetiva de controle.

Dentre as parasitoses a Coccidiose afeta muitos plantéis, ela é uma doença causada por parasitas (protozoários) que provocam lesões nos intestinos, podendo variar desde pequenas irritações até lesões mais graves. O controle consiste em higiene e desinfecção das instalações e uso de coccidiostáticos nas rações.

Fonte: Acercsp

S. A. – Quais marcas comerciais mais utilizadas e as vantagens de suas utilizações?

Rosana – As marcas comerciais mais utilizadas na avicultura de corte são Arbor Acres, Cobb, Hubbard, Ross e Hybro. As vantagens de utilização destas marcas comerciais está na boa conversão alimentar apresentada, rápido ganho de peso, crescimento uniforme, empenamento precoce, peito largo, pernas curtas, resistentes à doenças e boa pigmentação da pele.

As marcas comerciais utilizadas na avicultura de postura são Lohmann, Isa Brown, Hy Line, Dekalb, Shaver, Babcock e Bovans Goldline. As vantagens da utilização destas narcas comerciais são a boa produtividade e conversão alimentar, resistente a doenças, ovos com cascas resistentes e uniformes e baixa mortalidade.

S. A. – Como o você define e opina sobre a parceria das empresas com os produtores no setor?

Rosana – A parceria das empresas com os produtores seja pela integração vertical ou sistemas de cooperativas, de fato tem contribuído para o grande avanço da avicultura. O sistema de integração como já foi dito em itens anteriores, é representado pelas agroindústrias, é o sistema que detém todo o processo produtivo, desde a produção do ovo fértil até o abate, no qual a comercialização ocorre apenas uma vez. A integração é um acordo que estabelece um sistema de colaboração mútua entre a empresa e o produtor, a empresa se compromete a fornecer os pintos, a ração, os medicamentos, assistência técnica, transporte da ação e do frango bem como abate e comercialização. Ao integrado cabe providenciar as instalações, mão de obra, em alguns casos gás e cama.

Esse sistema de produção garante ao criador rendimento definido, lote após lote, ficando livre das oscilações de mercado. E à empresa proporciona uma série de benefícios como melhorar o padrão de qualidade em todos os segmentos da cadeia, permitir produção em escala, aumentando sua competitividade.  O preço a ser pago aos produtores ao final da saída de cada lote dependerá do índice de eficiência de produção que inclui a viabilidade, o ganho médio diário e a conversão alimentar do plantel.

A alta qualidade dos produtos oriundos do sistema de integração tem chamado a atenção de diversos mercados.

Outra parceria é o sistema de cooperativas em que a cooperativa fornece os insumos a um preço previamente definido, e posteriormente comercializa o frango dos cooperados a valores definidos, o lucro obtido é dividido entre os cooperados. Há também bonificações proporcionais à quantidade de quilos de frangos entregues à cooperativa.

S. A. – O que pode ser feito para melhorar a qualidade da carne e a produção para adquirirmos mais mercados?

Rosana – A qualidade da carne assim como o aumento de produção depende de outros fatores como fornecimento de dietas balanceadas que atendam as exigências nutricionais das aves para o período, instalações que garantam o bem-estar das aves, adequado manejo pré-abate. Estabelecer os programas de biosseguridade e rastreabilidade em todos os setores de produção e adoção dos métodos de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), Boas Práticas de Fabricação (BPF) para garantir total controle de todas as etapas de produção.

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Atualizado em: 11 de abril de 2012